sexta-feira, 26 de outubro de 2007

SALVE O RIO AREIA - FESTIVAL DE PRAIA NA SEMANA DE POXORÉU

Longe do litoral, a criatividade do poxorense fez brotar uma praia nas areias do Rio Areia, próximo ao centro da cidade. Uma festa como há muito não se via!!! De início, há sempre os céticos, mas a ousadia de alguns em dar forma ao sonho embalado pelo arquiteto poxoreanista Jean Stock e o Grupo Perspectiva 21 anos atrás culminou com um evento organizado e cheio de aspectos louváveis. Oxalá os próximos anos nos reservem edições cada vez mais aprimoradas dessa iniciativa. Quem veio, viu e se divertiu. Abaixo, algumas fotos do evento. Deliciem-se!!!!




Ah... tem os casais apaixonados que também se divertiram nas areias... O amor é lindo!!!

sábado, 22 de setembro de 2007

ROLOU O 2º FESTIVAL DE PRAIA DE JARUDORE

A iniciativa tímida do ano passado desdobrou-se e neste ano o Festival de Praia de Jarudore, na margem do Rio Vermelho, prova que idealismo aliado a trabalho árduo dá sempre resultado positivo. Abaixo, fotos do início das atividades. Depois tem muito mais.








Quem disse que esse povo aí tá reclamando da vida??





Parabéns aos organizadores e colaboradores!!!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A FABULOSA COLEÇÃO DE PEDRAS DO MARINHO A. KABA

Uma cidade nascida na pujança da mineração não poderia deixar de ter algo a ofertar aos olhos do visitante que não fizesse menção à mineralogia.
Ainda na década de 1980, oriundo do Estado do Paraná, mudou-se para Poxoréu o Sr. Marinho Akioshi Kaba. Marinho é um colecionador nato, tendo em seu poder verdadeiras raridades em suas diversas coleções. A maior, mais rica e mais apreciada, é a de mineralogia e paleontologia. Kaba possui pedras e fósseis que foram encontrados nos quatro cantos do planeta e lhe consumiram, além dos anos dedicados ao estudo e obtenção das peças, significativo numerário.
Sua coleção de pedras é tão importante que é visita obrigatória para os cursos de geologia da região, quando os professores podem mostrar aos alunos coisas que estão apenas em seus livros e que nem na Universidade em MT são encontradas. Além disso, já recebeu visitas de pessoas vindas do exterior e que ficaram maravilhadas pela diversidade do material exposto, ainda sem a organização científica ou catalogação sistemática. Isso porque o visitante pode interagir com as peças, toca-las, fotografá-las o quanto quiser.
Constam de sua coleção fósseis que vão desde madeira petrificada e trilobitas a peixes do litoral brasileiro e mesossauros. Cabe destaque a algumas peças encontradas em Poxoréu, em meio ao calcário oolítico existente na periferia da cidade.
A coleção, por enquanto, ainda se encontra abrigada na residência do Sr. Marinho, em local especialmente preparado para isso. A visitação é aberta a todos em qualquer dia da semana.
Uma chance ímpar de ouvir alguém falar de modo simples as coisas que os cientistas levaram anos para entender; de encontrar-se com os primórdios do planeta e com a pré-história; de imaginar os seres que viveram muito antes de o primeiro hominídeo descer das árvores e começar a povoar o planeta; sobretudo, um momento mágico de redescobrir a essência do Planeta Terra, manifesta na diversidade de cores, tamanhos e formas das pedras expostas.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

POXEXPEDIÇÃO AO MORRO DO MACACO - Missão N.º 1 – Reconhecimento

Em 15 de julho de 2007, como anteriormente anunciado no blog, nós nos aventuramos com o objetivo de um contato imediato com o simiesco monólito.
Participaram da incursão 4 Italianos, 1 Italiana, 1 Belga e 1 brasileiro, além de 1 guia sertanista

Só sabíamos da existência do morro do macaco por fotografias, que apareceram por acaso no computador de um amigo, e nos impressionaram tanto que resolvemos ir conferir. Montamos então uma operação de descoberta. E o lugar não podia ser melhor, mais majestoso...

Nos nascedouros dos rios Pombas, Sete, Alcantilado, eles mesmos berço de Poxoréu, onde os morros se encaram com o ritmo da vida das pedras, guardiães da mais pura e cristalina de todas...


Na curva do 'canyon', meio de lado, assim saindo, de olhar 43


Ele nos viu antes desconfiarmos da sua sísmica-símia-cínica presença. O caminho até seus pés é íngreme, abrupto e longo... muitos ficaram para trás,

Mas aí esta ele, parecendo agora curioso desses ‘poxexploradores’ que querem por tudo conhecê-lo...
De perto ele nos parece até um pouco triste, pensativo, um tanto sorumbático... mas é manha simiesca: o bichão não esta só! O morro tem duas cabeças!!!
um ser ainda mais misterioso se esconde dentro da pedra como se fosse a água de cachoeira, aparecendo apenas em vulto
Viu...??? O que será essa entidade? Um elo perdido? um espírito pétreo?

E temos mais um figurante aí por perto... um inca? Um brasileiro pré-colombiano? Um verdadeiro gigante de pedra ou da Idade da Pedra?
É a calçada dos gigantes... Aí tem coisas !!!



Texto: Jean-Louis Van Der Stock
Fotos: Bruno, Matteo, Edinaldo
Agradecimento especial a GIANPIERO BAROZZI, pela organização da 'Poxexploração' e ter sido nosso aguerrido motorista.




sexta-feira, 27 de julho de 2007

BURACO DA MUNDICA, O GRAND CANYON DE POXORÉU

A cerca de 30 km de Poxoréu, na rodovia de acesso a Dom Aquino, encontramos um verdadeiro Grand Canyon com suas escarpas e vales construídos através de milhões de anos pelas forças da natureza. Bem no fundo, o primeiro agente de mudanças, um riacho que serpenteia por entre os montes. Aliado ao trabalho paciente e constante das águas fluviais, o vento foi aos poucos ajudando a esculpir as belas formas que compõem a paisagem.
São arenitos mais duros do que o material do entorno e, portanto, mais resistentes ao desgaste.
Curiosamente, as formações têm topo plano, como se fossem imensos heliportos a convidar o desbravador, o aventureiro. O amanhecer e o pôr-do-sol são momentos mágicos, que ficam gravados na mente dos visitantes como testemunhos indeléveis da beleza local, única, irrepetível. Um ambiente ora agreste ora exuberante, com suas formas curiosas, sua flora exótica, onde o natural se mistura ao místico e produz êxtase absoluto em quem pode contemplar as maravilhas de um local em que o homem comprova a sua pequenez diante dos monumentos que testemunham o transcorrer das eras sem se preocupar com a brevidade da existência humana.

PÁSSAROS COLORIDOS E BARULHENTOS RECEBEM VISITANTES NO BURACO DA MUNDICA


Quem chega no "Buraco da Mundica" tem sempre um comitê de recepção dando as boas-vindas...
Muitas araras escolheram os paredões de arenito pra nidificar e sua revoada é um atrativo especial para quem visita o local.
Com a mata virgem do fundo do canyon, as aves podem encontrar facilmente os frutos dos quais se alimentam. Além disso, abrigadas pelos paredões inacessíveis, podem procriar e cuidar de seus filhotes sem temer predadores.
Essas excelentes condições naturais tornam a chegada do Buraco da Mundica mais aprazível e sonora.
Quem gosta de observar pássaros tem aqui um locus importante para a atividade.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

TURISMO EM POXORÉU: POTENCIAL E DESAFIOS











Poxoréu é uma das cidades mato-grossenses com grande potencial para o desenvolvimento da atividade voltada ao turismo. Com seus vales e serras, seus rios e montanhas, além das muitas inscrições rupestres e dos locais históricos, a cidade tem atraído muitas pessoas que querem conhecer a sua natureza exótica e exuberante e as muitas opções de lazer que podem ser ofertadas.
Além disso, os esportes de aventura começam a ser realizados aos poucos, com a progressiva identificação de locais onde possam ser desenvolvidos. Um exemplo disso, as Cachoeiras do Lucas, distantes 35 km da sede do município, além de oferecerem uma paisagem belíssima aos olhos do visitante, garantem aos praticantes de rapel ou tirolesa (descidas em cordas) um atrativo à parte. No rio das Mortes, a canoagem pode ser praticada, porque são encontradas corredeiras em todos os níveis de classificação que os esportes aquáticos necessitam. Periodicamente, diversos grupos vão praticar caiaque (pequenos botes individuais) ou rafting (descida das corredeiras em botes infláveis). Muito próximo à sede, o vôo livre pode ser praticado: partido da face sul do morro da mesa, ou do morro do Quidorobo, os pilotos podem sobrevoar a cidade e conferir as belas formas do relevo ao seu redor. Essa é a atividade do futuro, segundo acreditam os que praticam esse esporte e já visitaram Poxoréu.
A cultura de Poxoréu também tem atraído muita gente. Com suas festas, festivais, recital de poesias, festas nos distritos, o município tem um calendário de atividades culturais muito diversificado. Por exemplo, além da tradicional Semana de Poxoréu, em outubro, temos a Festa de São João Batista, do Bom Jesus de Alto Coité, da Capela, da Fogueira, na Cohab Xavante; além disso, a festa do Milho Verde em Paraíso do Leste as festas de Jarudore e Aparecida do Leste completam um cenário de ricas tradições, sobretudo as nordestinas. Na cidade, ainda acontecem a FEAGROPOX, feira agropecuária de Poxoréu, com seu encontro de violeiros, já tradicionais e que atraem um grande público, sem contar a qualidade dos competidores. O show de violeiros fez renascer os sentimentos voltados às origens e, aliado à Cavalgada, compõe um cenário que dá saudade, ao relembrar a história dos antepassados, que colonizaram essa região.
Outra atração de Poxoréu são as águas termais. E a atividade, já há alguns anos atrai turistas. Localizado na região do Buritizal, um pequeno balneário de águas quentes proporciona a todos um divertimento sadio, ainda mais que são reconhecidas as propriedades medicinais dessas águas.
Cartão postal da cidade, o Balneário Lagoa, com seu restaurante, salão de festas e pequena praia artificial convidam a todos para o lazer. Outro ponto forte é o Morro da Mesa, adorado pela população e marco referencial inicial do povoamento do município. É tradição a subida ao monte na sexta-feira santa, onde os peregrinos recordam o caminho e o sofrimento do Cristo antes de ser crucificado e se penitenciam dos pecados. Para uns, o sentido religioso da subida ao morro da mesa é muito forte. Para outros, além de ser uma caminhada saudável, é um momento de reencontrar amigos e ter uma vista privilegiada da cidade de Poxoréu.
Localizado a menos de 30 km de Poxoréu, o “Buraco da Mundica” é um canyon que se estende por dezenas de quilômetros, serpenteando entre as serras da parte alta do município. Para muitos, é um lugar mágico, que não fica devendo nada à paisagem de Chapada dos Guimarães.
Infelizmente, muito ainda há que ser investido para que o turismo possa ser de verdade uma atividade capaz de gerar emprego e garantir renda para seus habitantes. Potencial temos, falta capacidade de investimento e mudança da mentalidade de muitas pessoas, sobretudo dos que elaboram as políticas para o setor e que parece ainda não terem plenamente despertado para essa importante atividade econômica.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

POXORÉU NA VOZ DE SEUS CANTADORES


Aurélio Miranda é o cantor poxorense de maior expressão. Radicado no Mato Grosso do Sul, periodicamente visita a cidade para rever amigos e tocar suas canções. Violeiro de mão cheia, em três décadas de estrada conviveu e convive com todos os grandes expoentes da música sertaneja raiz, aquela que se ouve no rádio e faz lembrar de quando a canção tinha poesia e o sentimento cantado fazia bater descompassado o coração.
De sua autoria, "Minha doce Poxoréu" converteu-se num hino extra-oficial do município. O artista valoroso, reconhecido como um dos mais talentos em seu estilo no Estado que o acolheu, sempre fez questão de manter seus laços com Poxoréu, brindando-a em cada novo lançamento que faz e cantando-a onde quer que ande.

É sua forma de demonstrar seu amor e de espalhar o nome do município por toda parte, dentro ou fora do país.


CLIQUE NAS FOTOS E OUÇA AS CANÇÕES!!!

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Fotos do Morro da Mesa, cartão postal maior de Poxoréu!





Monumento divino nestas terras encravado
Impávido vigia, eterno guardião
Dos diamantes, riqueza deste chão
Que repousam em seu leito sagrado

Morro da Mesa, feroz soldado
Na guerra contra o tempo inclemente
Em pose heróica ao sol refulgente
Testemunhas nossas dores sempre calado

De pedras feitos alma e coração
Insensível às humanas limitações
Embelezas tu nosso horizonte

Vês, silente, as nossas traições
E delas não te ressentes, velho monte
Desde as mais remotas gerações

quinta-feira, 14 de junho de 2007

PRÓXIMA EXPEDIÇÃO...


Etapa Um:

O RECONHECIMENTO DO LOCAL
Estaremos honrados de receber sua adesão a esse trekking!

Objetivo: chegar perto do morro, por baixo, e reconhecer o caminho de acesso por cima, e ainda localizar os pontos de ancoragem para um futuro rapel

Quem desejar e se dispuser a fazer uma boa caminhada morro acima, pode se inscrever através dos comentários

Da data: já sabemos que será num domingo, resta definir um!



Jean-Louis Van Der Stock

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Para cantar e tocar*



Deus te salve, João Batista Sagrado!
O teu nascimento nos tem alegrado

Salve, São João, Filho de Isabel
A cristo Batizou lá nas margens do Jordão!

Salve, São João, que em mísera prisão
Foi martirizado por uma vil paixão

Salve, São João, que lá encarcerado
Por ordem de Herodes foi logo degolado

Afastai de nós o flagelo. São João do Mundo inteiro
Alcançai-nos vida eterna, Protetor dos Garimpeiros

Poxoréu por ti guardado é desde a fundação
Teu nome é gravado em cada coração



* Partitura elaborada por Edinon "Gigio" Pereira, a partir da audição do modo como o hino é popularmente cantado. Obrigado, irmão!
N.B.: Repete-se, sempre, o segundo verso de cada estrofe.

FESTA DO PADROEIRO SÃO JOÃO BATISTA


Poxoréu é uma cidade de sólidas raízes nordestinas. Aqui, os pioneiros oriundos da Bahia, Ceará, Pernambuco e, em menor número, dos outros Estados do Nordeste Brasileiro, trouxeram uma cultura muito particular.

Assim, a força das tradições está sempre presente em sua culinária típica, no modo como o povo aprecia as festas e reverencia seus santos. Muita gente ainda cultiva a crença nas benzedeiras e rezadores. Sincreticamente, alguns mantêm a religiosidade herdada dos tempos dos escravos e quilombolas, apesar de se confessarem católicos. A população é de maioria católica e as festas religiosas são sempre muito animadas. De modo especial, a Festa de São João Batista foi, é e continuará sendo um evento de tradicional importância para a sociedade. Ao todo, são dez dias de festa (apesar de se chamar “novena”), quando são realizadas várias atividades sócio-culturais e religiosas: leilão, bailes, shows, procissão, alvoradas...
Nos últimos anos, por interferência do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, a Alvorada Festiva (momento em que um grupo sai da Igreja Matriz, que leva o mesmo nome do santo, e percorre algumas ruas da cidade cantando e soltando fogos) acabou sendo suspensa e três professoras aposentadas foram processadas por prepararem um evento que “perturbava a paz pública”. Hoje parece haver um entendimento de que a Festa de São João Batista pertence ao Patrimônio Imaterial de Poxoréu, por fazer parte da cultura de sua gente.
Os organizadores da Festa, sobretudo aqueles que representam os poxorenses que moram em outras cidades, preparam essa volta das Alvoradas, com seus cantos e rojões, sua alegria e o farto café da manhã ao lado da Igreja.


Viva São João Batista!!!

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Terra Vermelha + Água = Lama, principal ingrediente do RALLY DE POXORÉU

Iniciativa do arquiteto belgo-poxoreano Jean-Louis Van der Stock, o rally 100 MILHAS DE POXORÉU converteu-se num evento respeitado pelos jipeiros de todo o Estado, tendo feito parte do calendário de competições da Federação Mato-Grossense de off-road. Uma trilha cheia de desafios, que enfrenta rios e voçorocas, além das áreas degradadas pelo garimpo de diamantes e do sobe-e-desce por entre os morros agrada a quem participa e é um show à parte para quem assiste. Um trecho da competição é urbano, atravessando o ribeirão Areia e subindo uma rampa artificial para que a população possa aplaudir os intrépidos aventureiros. Além de jipes, participam motos e o evento sempre atraiu grande público e competidores renomados, a exemplo do hexa-campeão mato-grossense de off-road, Clóvis Rotili, de Jaciara.
CANTO UFANO POR POXORÉU
Edinaldo Pereira

Deus te salve, minha terra
Adornada de vales e serras
Entrecortada de rios
Sacrossanto berço de homens bravios
Sequiosos das riquezas que encerras
Trabalhadores sem o menor fastio

Deus vos salve, garimpeiros
Que trabalhais os dias inteiros
E hoje ainda mais do que antes
À cata das pedras mais brilhantes
Com que sonharam os pioneiros:
Os inconquistáveis diamantes

Nos monchões e nos matames
Grupiaras e bicames
Nas dragas e lavadores
Mariquinhas e motores
Em prospecções e exames
Labutam esses senhores

Poxoréu de belos horizontes
De belas cascatas e belas fontes
Da gente aguerrida e hospitaleira
Que vive a boa vida à sua maneira
À luz do Sol e à sombra dos montes
No rebuliço das águas de tantas cachoeiras

Poxoréu dos versos dos seus escritores
Das rimas cadenciadas dos trovadores
Das imagens, pintadas em tantas telas
Ou em fotografias, ou aquarelas
Das composições de seus cantores
Das missas celebradas em suas capelas

A fé irrestrita no seu padroeiro
O Profeta-Batista, mártir cristão primeiro
A quem se dedica de forma tradicional
Dez dias de concorrido festejo anual
Com leilões e ditos jocosos dos leiloeiros
Na Praça da Matriz, o consagrado local

Há ainda crença nas preces das benzedeiras
E na alquimia antiga das raizeiras
O carro-de-boi já não range mais
Ícone de antanho que ficou para trás
Nas pragas rogadas pelas macumbeiras
Que (um dia) roubar-se-ia o carro aos animais

Relendo nos alfarrábios históricos
Os discursos laudatórios e retóricos
Gritados na praça com voz retumbante
Por políticos que dos de hoje eram mais elegantes
Em ambientes também bem mais pictóricos
Conclui-se que o agora é a deformidade do antes

Poxoréu do conflito Morbeck-Carvalhinho
Do prefeito primeiro, Coronel Luizinho
Do incêndio em São Pedro, noite de horror
Da ação de Júlio Muller, o sábio interventor
Dos bamburros na Raizinha, Cambaúva e Corguinho
Da Voz Social e Tarquínio, o primeiro locutor

A gafieira festiva na saudosa Rua Bahia
Onde as festas só terminavam com o raiar do dia
Nos cabarés repletos de tantas prostitutas
Ou “primas”, “mulheres da vida” ou, simplesmente, “putas”
Que enchiam o fim de semana de alegria
De quem passou os outros dias em desumana labuta

Cachaça no Bar da Esquina, bilhar no Sinucão
Baile no Diamante Clube, rock e luz lá no Chopão
Nos domingos, futebol no estádio Diamante Verde
Com batucada saudando mais uma bola na rede
Depois do jogo era festa, sempre houve comemoração
Isso nos anos que longe vão: ficaram apenas as paredes

Na saúde, Dr. João, Dr. Nivaldo e Amarílio
Na Rádio Cultura, Benacyr, Edízio e Fraga Filho
Na Política, Sindolfo, Chico Baio e Rochinha
E as mulheres, Irmã Zoé, Dona Mirú e Dona Filinha
Na maçonaria, Moisés, Zezé Coutinho e Teodomiro
No esporte, Protázio, Antônio Calino e Paulo Pina

Atrás dessa lista, escondem-se tantos anônimos
Que de trabalho e dignidade são exemplos e sinônimos
O velho cego que buscava a água da Biquinha
O velho Berto e Tomázia, a professora Lasinha
E tantos outros que a história registra apenas os pseudônimos
Canguçu, Pereirão, Bicanca, Pedro Pinga e Zuzinha

É impossível resumir toda a glória destes sertões
E todas as personagens que pisaram o chão destes rincões
Eis a Minha Terra, estrela há muito caída do céu
Que, por mais queo poeta tente, não cabe toda no papel
Terra que dos filhos faz bater forte os corações
A eterna Capital dos Diamantes, minha Doce Poxoréu!